sábado, 17 de setembro de 2011

Dicas para o clássico mochilão Bolívia-Peru

Depois de morar no Peru e fazer um segundo mochilão por lá, algumas pessoas me consultaram para pedir dicas. Aí vai um grande e-mail que enviei a uma tia minha e posteriormente acrescentei várias outras dicas para um casal e outros amigos meus que ia se aventurar por lá.
As dicas foram dadas em julho de 2010 e eu fui lá em 2008 e novamente em 2009.
Boa leitura!

Fala casal,

vou lhes repassar um e-mail que mandei para um tia minha que ia pra lá e depois acrescentar umas coisas. Vsc também tem que pensar que estas são dicas para a minha tia, então algumas coisas vcs podem relevar e lembrar que temos 20 e poucos anos e ela não, mas a maioria das dicas são válidas para qualquer um.

Primeiro o e-mail enviado à minha tia:

Oi tia,

Que bom que vai visitar lá, é uma viagem muita boa de se fazer para quebrar um pouco os paradigmas que temos da América Latina. Eu gostei muito nas duas vezes que fui e ainda pretendo rodar muito por aqui, low budget antes de ir para Europa.
Então, vamos por partes:

Altitude: Não se preocupe, você vai ser pego por ela! Mas há algumas coisas a se fazer. Em qualquer farmácia no Peru e Bolívia você pode comprar as chamadas "pastillas para el soroche" (soroche é o nome que eles dão para o mal de altitude, é bom se lembrar deste nome), lá mesmo eles te recomendam quando tomar. No meu caso eu viajei sempre de ônibus e tomei os comprimidos doze horas antes de chegar no destino, chegando lá tem que tomar novamente, mas isso varia de marca para marca. Eu geralmente comprava a mesma.
Além disso, comer coisas leves e não fazer refeições muito grandes nos primeiros dias. E por fim, tomar "mate de coca" e se gostar mascar as benditas folhinhas, em qualquer lugar na zona andina é só perguntar e te indicam onde comprar ou mesmo te dão.

Alimentação/Saúde: A coisa mais comum é ter uma infecção intestinal, reserve alguns dias para isso, pois eu não passei incólume nem uma vez e acho que não conheci ninguém que tenha passado. A resistência já costuma estar baixa, a comida é diferente e muitas vezes as condições de higiene são precárias. O pior é que não dá para recomendar um lugar. Eu já tive uma depois de comer num restaurante razoavelmente chique e caro. E dando diarréia e febre corra para uma farmácia (no peru, botica), converse com o farmaceuta e provavelmente ele vai te dar um antibiótico. No entanto, o melhor a se fazer é ir com um seguro de viagem e, pelo menos nas cidades mais turísticas, eles terão um convênio com médicos e/ou hospitais (alguns vão onde vc estiver hospedado). Um seguro básico para um mês está em torno de uns R$170,00 e você faz em qualquer agência de turismo aqui no Brasil.
Outra dica é sempre andar com água mineral e cuidado com a tal "água de mesa", nada mais é do que água da torneira clorada e vendida em garrafinhas como as de água mineral. Entre as coisas para andar com vc na mochila de mão estão: PAPEL HIGIÊNICO (quase nenhum banheiro tem e eu aprendi que sempre deveria estar com ele da pior maneira), um sabonete e um pequeno frasquinho de álcool em gel para quando não tiver água (coisa bem comum).
Bom, o que eu disse antes pode dar medo, mas na verdade a maior parte do tempo se come muito bem e barato. Tente experimentar as comidas típicas como a Causa, o Cuy, a Papa a la Huancaína, a Trucha, a Alpaca, o ají de Gallina, sopas de quinua e por aí vai... só cuidado com o CEBICHE, é a comida mais típica do Peru, é peixe cru e em julho não é a época certa, neste caso vc deve comer em um lugar de alta rotatividade. Essa foi outra coisa que aprendi na marra ou melhor, na privada!
Por fim, não esqueça de se vacinar contra febre amarela e tirar a carteira internacional de vacinação no aeroporto internacional. Se não a tiver corre o risco de ter de deixar uns reais para o guarda peruano ou mesmo voltar pra casa.

Transporte: Suspeite das companhias muito baratas! O estado de conservação dos ônibus neste casos costuma ser péssimo, eles te mentem quanto ao fato do ônibus ter banheiro e pára muito no meio da estrada para pegar e deixar pessoas. Existe uma companhia muito famosa que é a tal da Cruz del Sur, todos os gringos viajam por ela, mas não caia nessa, pois existem companhias tão boas quanto e cobram quase metade do preço, além do mais, os ônibus da Cruz del Sur são chamariz de assaltantes. Companhias boas são a Cial, a Cromotex, a Tepsa e tem mais algumas que eu não estou lembrando. Nas viagens longas prefira viajar de noite, pois geralmente são poltronas que reclinam mais e tem um encosto para as pernas. E não se esqueça de conferir se tem banheiro, pois os ônibus param pouco. Prepare-se para enfrentar altas horas de ônibus e com muitas curvas...
Quanto ao transporte dentro das cidades, se quiser bastante economia o jeito é ônibus, mas eles podem ser bastante lotados e confusos, então prefira os táxis. Os preços dos taxis são assustadoramente baratos em alguns casos e eles são parte essencial do transporte urbano. Nunca entre em um táxi sem dizer o seu destino, perguntar o preço e dar um pechinchada, não há taxímetro e o preço é na lábia. Outra dica é perguntar para um peruano quanto deveria custar um táxi até o seu destino, mas não pense que vá pagar o preço peruano. Eu tinha muita cara de europeu, falar que era brasileiro ajudava a dar uma abaixada no preço e ganhar a simpatia do taxista, principalmente em Lima. Ah, em Lima se tomar um taxi fora do aeroporto, logo ali na saída de pedestres vc vai pagar um quarto do que pagaría se tomasse dentro. Meu pai era super preocupado com esses taxis não oficiais, lá basta por um adesivo de taxi no pára-brisa do carro e seu carro se transforma num, mas nunca me aconteceu absolutamente nada nestes "não-oficiais".

Segurança: Se comparar os índices de criminalidade do Peru vai perceber que são inferiores aos do Brasil, no entanto o pessoal lá é extremamente paranóico com segurança. Eu já andava muito mais tranquilo em Lima do que em São Paulo. Pouquíssimas vezes eu ouvi falar de roubo à mão armada. Quase todos os casos eram de furtos aproveitando alguma distração ou mesmo arrancando máquinas fotográficas da mão da pessoa quando esta a segura só pela cordinha. Tem de ter cuidados básicos como não dar muita bandeira com dinheiro; colocar a carteira num bolso seguro; quando tiver necessidade de andar com muito dinheiro, levá-lo no porta-dólares (bolsinha presa à cintura que vai por debaixo da calça); dividir o dinheiro (seja vivo, traveler-check ou plástico) em mais de um lugar para nunca ficar sem nada. Outra coisa, fique atenta à sua bagagem de mão, pois esta é que o pessoal mais gosta dado que geralmente é onde está o dinheiro, o mp3, a máquina fotográfica e afins. Nunca a deixe na parte de cima do ônibus, leve-a sempre no seu colo, principalmente se for dormir. No Equador a bolsa estava no meu pé e tiraram minha câmera de lá. Jamais faça como alguns gringos estúpidos que conheci: dinheiro, passaporte, mp3, cartões e tudo na mesma bolsa, que foi roubada, isso acaba com a viagem.
Uma outra dica é entrar em uma lan house (tem um monte por esses lugares), baixar suas fotos e gravar num cd caso roubem sua câmera.
Quanto ao fato de serem duas mulheres viajando sozinhas eu não vejo problema, conheci várias moças e senhoras viajando de duas ou até sozinhas. Aliás me impressionou encontrar mais de uma japonesa que mal falava o inglês viajando completamente sozinha.

Agências de turismo: SEMPRE PESQUISE PREÇO E SEMPRE DESCONFIE DO QUE ESSE PESSOAL FALA. Eu fiz um tour pelo vale sagrado por 30 soles (neste tour de um dia se visita Pisac, Ollantaytambo e Chinchero) e no mesmo ônibus tinha um gringo que havia pago 30 dólares! Sempre pergunte para as pessoas de lá que não tenham muito a ver com estas agências como taxistas, empregados de lojas, etc. Também não acredite quando te dizem que não tem trem para águas calientes (povoado no qual a parada é obrigatória para ir à Machu Picchu), na minha opinião o melhor a se fazer é ir comprar sua passagem em cusco (terminal de trem do lado do mercado central) de ollantaytambo para águas calientes e ir de cusco a ollantaytambo de ônibus/van, que é onde se toma o trem. Dormir em águas calientes e dalí é só pegar um ônibus que sai de 15 em 15 minutos para machu picchu. Daí vc tem todo o dia para ficar lá e voltar só quando fechar o parque. E não se preocupe com o guia, pois tem um monte deles oferecendo serviços na porta do parque ou vc dá uma de cara de paú e se mete no meio de um grupo! Também tente ser simpática com o pessoal das pousadas e perguntar como funcionam as coisas, pedir dicas, etc. Na segunda vez que eu fui para Machu Picchu, fui por um caminho bem alternativo e no final tem que ir andando por umas duas horas no trilho do trem, quem me informou foi o dono da pousadinha onde eu estava, saiu um terço do preço que sairia por trem...

Hospedagem: eu nunca tive problemas sérios com isso. O pior problema que tive foi chegar muito tarde, ir no primeiro ou segundo hostal (lá é como uma pousadinha e não como os tradicionais albergues em que se divide quartos com estranhos) e o banheiro ser uma porcaria, ou depois descobrir que o do lado é melhor por um preço melhor, mas nada muito sério. Eu sempre adotava a mesma tática: ia para a praça de armas e dalí saía procurando alguma coisa. Na maioria das vezes os taxistas nas rodoviárias te assediam para pegar um taxi e para ir em alguma pousada nas quais eles ganham uma comissão, algumas vezes te levam em algum lugar bom, outras não e você simplesmente diz que não gostou e que vai procurar outro. Ah, na hospedagem também vale a pechincha. Em Lima talvez seja legal se hospedar em Miraflores, é um bairrozinho chique de lá e mais seguro, com algumas opções para turistas, especialmente boates para jovens gringos, mas nem pense em não visitar o centro histórico de Lima, afinal era a sede do vice-reinado.

Documentos e afins: passaporte e carteira de vacinação de febre amarela. Teoricamente qualquer documento de identidade era para servir em qualquer país do mercosul e da comunidade andina, mas os guardas não levam isso muito à sério, já conheci gente tendo que deixar uma grana na fronteira com a Bolívia. É bom talvez levar uma cópia autenticada do passaporte, caso perca pode tentar tirar no consulado brasileiro algum documento que o substitua. Outra coisa que pode ser interessante é a carteira do isic, eu acho que tem para professor. No meu caso paguei 40 reais e eles foram mais que restituídos com o boleto turístico de cusco, algumas entradas em museus e a entrada para Machu picchu.

Roupas e acessórios: em cusco agora faz um frio dos infernos, leve bastante roupa de frio ou deixe para comprar lá, pois tem roupa muito barata e de qualidade. No seu caso não sei se faz muito sentido pois mora em Fortaleza, hehe.
Tente levar pouca bagagem, pois facilita muito a vida ter apenas uma mala e uma mochilinha (a mochilona de mochileiro é a melhor opção, pois em calçadas irregulares como cusco, arequipa, etc aquelas rodinhas das malas são completamente inúteis). Outra coisa que atenta para pouca bagagem é que lá é cheio de lavanderias por preços bem baratos e que te entregam a roupa no mesmo dia. Eu vi uma dica num guia que dizia: faça sua mala, depois tire a metade dela e vai estar perfeita... ele tinha razão. Mas tem coisa que sempre tem que levar, como um canivetinho, uma lanterna, uma saboneteira, capa de chuva e por ai vai.

Dinheiro: a dica basicamente é traveler check, pois apesar da cotação ser um pouco inferior ao dólar ele é mais seguro e no Peru é facilmente trocável nos lugares turísticos praticamente sem burocracia. Porém sempre ande com um pouco de dólares vivos (uns 80), pois lá rola solto e as vezes pode te salvar de perrengues que o traveler check não pode. Além do dinheiro do local, claro...eu também levava o cartão de crédito, usei pouquissimas vezes, mas é sempre uma outra garantia de não ficar sem dinheiro.

Bom tia, provavelmente tá faltando alguma dica, mas espero que com isso já tenha dado uma ajuda. Desculpe pela demora na resposta.

Abração e boa viagem!
Leandro

Outros:

Lima: Pra quem vai lá normalmente, sem alguém que conhece a cidade, as atrações são meio nada a ver. Como a dani me disse que só alguns vão para uma escala de 12 horas, não tem muito mais que recomendar além do centro histórico. A praça de armas é muito bonita e a catedral idem, lembrem que lima era a sede do vice-reinado. Por se acaso tiverem que ficar mais tempo eu recomendo as noites de jazz de segunda-feira no bar "La noche" no bairro barranco (qualquer taxista conhece o lugar e peça para te levarem para a municipalidad do distrito, ah, a organização da cidade lá é distrital, bem diferente daqui). Também visitar o museu de antropologia de Pueblo Libre (tem a sequência cronológica das inúmeras civilizações que habitaram o Peru com registros históricos bem explicados) e no cair da tarde tomar um pisco sour na taberna queirolo também em pueblo libre, fica umas duas quadras de distância do museu.

Cusco: Inicialmente, quando se fala em Cusco se fala na cidade em sí, os arredores, o vale sagrado (aí incluídas várias cidades), machu picchu etc. Eu fiquei na hostal procuradores, na rua procuradores. Essa rua dá direto na praça de armas, tem muito fluxo de gente e por isso muitos caras oferecendo de tudo, de comida a passeios até drogas e putas. A pousada é de um casal de senhores muito atenciosos. A primeira vez que cheguei lá a dona tava levando uma sopinha para um chileno que estava doente (é óbvio que ela cobra uma graninha pela sopa), eles me deram altas dicas de como chegar em machu picchu a preços baixos, dicas sobre passeios fora do circuito convencional que valem muito a pena se tiver tempo e das duas vezes que fui (quando morei e um ano depois) deixei minhas bagagens lá e fui para águas calientes apenas com um mochila menor e o necessário para 2 ou três dias; como é período de seca, provavelmente 2, na segunda vez fui no verão e tive que ficar um dia tomando chuva em águas calientes...melhor que preso como neste ano!
Geralmente eu tentava fugir de agências, mas para o city tour e o tour pelo valle sagrado acredito valer a pena (1 dia para o vale e uma tarde para o city), já junta tudo por um bom preço e atentos às diferenças de preço, como disse no e-mail para minha tia, 30 soles pra 30 dólares é muita coisa.
Em Cusco recomendo o museu de tradições populares (visita rápida), museu de danças populares (atentar para os horários das apresentações) e mais que todos a catedral; eu não sou muito fã de igreja, nem um camarada meu que foi comigo da segunda vez, mas o sincretismo religioso naquele lugar é espetacular e ajuda muito a entender a história do povo cusqueño, ah, peguem os radinhos que eles te dão na entrada para explicações da igreja. Durante a noite vale gastar uns 15 minutos de folego e subir no mirante do San Blas (bairro do centro histórico), a vista da cidade à noite é muito bonita. Além do mais, Cusco tem muita coisa de noite, boates toscas na praça central, cafés mais calmos e botecos com um verdadeiro rock 'n roll como o 7 angelitos e um mais eclético, o 0km, no San Blas; estes dois estão mais que recomendados. Por fim, dar um rolê no mercadão é essencial e tem a comida mais barata da cidade além de artesanatos e objetos aleatórios em geral. Não se enganem quanto à qualidade da comida de lá, é tão suja como qualquer restaurante, já passei mal com as duas, geralmente mais com as de restaurantes que as do mercado, pois a rotatividade neste é maior.
Por fim, se tiverem tempo recomendo fortemente o rolê para moray/salineras (pelo menos uma tarde, a partir do meio dia). Para estes eu peguei um busão num lugar que o dono da pousada me indicou e fui até um local que me disseram para descer, ali vocês encontram uns taxistas, choram um preço (sempre!) e eles te levam, negociem bem e deixem claro que o preço fechado é para moray, salineras e para voltar até o lugar do busão...esses caras sempre dão um migué pra tirar uma grana a mais. Ainda na parte do "se tiverem tempo" recomendo como segundo lugar Tipón, um templo de águas dos incas que para chegar funciona do mesmo jeito que Moray, mas é mais perto.
Acho que vai precisar de mais um por fim, pois esqueci de Pisac, lá rola uma feira enorme com muitos artesanatos, mais variedade e melhores preços que os encontrados na cidade de cusco mesmo. Comprei o presente do meu pai lá, uma blusa de lã de baby alpaca e ele curtiu muito...olha que ele é difícil pra curtir roupa.

Machu Picchu: Na real se chega em águas calientes e de lá se vai ao santuário para chegar há várias formas:
1-helicóptero
2-transportado pelas almas dos incas
3-andando um dia inteiro no trilho do trem desde ollantaytambo até lá (não recomendo, muito cansaço e um tanto quanto perigoso)
4-pegando um busão até santa maria, de lá até santa teresa, um taxi até a hidrelétrica e de lá mais duas horas andando no trilho dos trens. Esse é o caminho mais econômico (cerca de um terço da opção de trem mais barata), embora tenha-se que reservar quase um dia para fazê-lo, vocês vão encontrar muita gente fazendo a mesma trajetória. No nosso caso demos muita sorte de conhecer um grupo de argentinos muito gente boa com uma francesa muito linda quando pernoitamos na cidade na volta. Jogamos uma bolinha com uns peruanos e a 2500 metros de altura tomamos um cacete daqueles...mentira ganhamos 1 partida em 3.
5-opção de trem mais barata: não estou falando da classe do trem, o que falo é comprar o bilhete de trem do trecho de ollantaytambo até águas calientes e o mesmo trecho de volta. Para ir de cusco até ollantaytambo você tem a opção de pagar algo em torno de 3 soles e ir num busão caindo gente pelo ladrão ou pagar uns 12 soles e ir numa confortável van até a estação de trem, onde se pega cada um é sair perguntando em cusco mesmo, todos os taxistas sabem.
6-opção de trem mais cara e mais sem graça: sair de cusco e ir até águas calientes.
Se forem optar pela opção 5 ou 6 recomendo chegar em cusco e ir na estação de trem, ver que horas saem e planejar a ida antes de tudo, afinal é o mais importante da região. Ah, as agências vão por um terror falando que não tem mais passagens de trem e vão te oferecer uma ida alternativa (a opção 4) pelo preço da 6...não caia, vá na estação e confira, a primeira vez fui pela opção 5, as agências diziam que não tinham mais trem para os próximos 3 dias, fomos lá e tinha para o mesmo dia. Por fim, a classe mais barata é o backpacker.
Em águas calientes tudo é caro, mas rola chorar a hospedagem, a entrada do parque deve ser comprada em lá ou cusco e levem a sério a questão da carteirinha do isic. Em machu picchu o role mais loco e a melhor vista se alcança subindo o huayna picchu. Mas, para isto, vocês vão ter que ralar. Primeiro acordem bem cedo, algo como as 3:30 da manha para dar tempo de tomar café e serem os primeiros nas filas dos ônibus que sobem de águas calientes até o santuário. Dá para acordarem um pouco mais tarde e comerem o que as cholas oferecem na fila do ônibus. Porque isso? Porque só sobem 400 por dia naquela montanha (no parque são cerca de 2500, mas não vão vender mais entradas do que o limite diário), só que entram 200 no começo da manhã e os outros 200 pegam uma senha para subir ao meio dia, mas subir aquela porra com um sol de rachar na cabeça e 2500 metros de altura nos pulmões não é uma sensação agradável. Enfim, ao entrar no parque corram até o outro lado, onde fica a entrada para o huayna picchu, passem por cima de guias, llamas e do parque em sí, vocês terão o resto da tarde para vê-los, ouvir as babozeiras dos guias sem pagá-los se infiltrando nos grupos ou pagando, mas fiquem alertas que tem muito picareta! Levem comida e bastante água, pois no único restaurante do lado do parque vão querer vender-lhes à preço de whisky 18 anos.

Puno: sinceramente, com o tempo que vocês tem eu passava reto e iria para o lado boliviano, copacabana e dali para a ilha do sol, achei bem mais bonito e tem mais coisas para ver. As ilhas flutuantes de puno são interessantes, mas são uma farsa, é o que eu disse pra Dani: deu 6 da tarde o cara põe a calça jeans, o celular no bolso e volta pro continente. Eu ouvi falar sobre o trem que vcs querem pegar, mas não sei indicar nada sobre ele eu fui de busão mesmo.

Bolívia, mas especificamente La Paz: em uns três dias dá para conhecer o Chacaltaya (o lugar mais alto no mundo em que se chega de carro e mais uma caminhadinha, é onde o Lattes colocou as chapas para tentar detectar os mésons pi), o valle da luna e o Tihuanaku (o templo histórico mais importante da Bolívia). E daí da para dar um rolê no centro, conhecer o museu da coca, rua das bruxas, etc. Chegando lá vcs podem pegar um taxi para a rua Sagárnaga e ficar no hotel homônimo. Quando eu fui eu paguei incríveis 40 bolivianos (13 reais) para um hotel com café da manhã, internet, toalha, sabonete e tudo mais. Ali perto, na Mariscal Santa Cruz, também tem muito lugar para ficar, lavanderias e lojas de artesanatos baratos (geralmente mais baratos que no Peru).
E estou colocando La Paz, pois fica umas 12 horas de Puno e umas 4 de copacabana, lá vcs vão ver que não é muito, ainda mais aproveitando as noites para viajar.

Arequipa: Vocês não vão ter muito tempo, lá geralmente o pessoal faz ou a escalada do vulcão misti ou o canion do colca. Eu fui no segundo e não me arrependi, embora não tenha conhecido o vulcão (só o vi de longe). Para dar esse rolê também dá para ir na raça, se informar na rodoviária os horários de saída de Arequipa para uma cidadezinha no meio do canion chamada Cabanaconde, na real vcs devem passar por Chivay e deve ter uns três horários por dia, de Chivay se vai para Cabanaconde e aí é provável que vcs viagem em pé por um tempo até que o busão vai esvaziando. De lá dá para fazer o trekking para descer o canion e pegar as águas termais, mas antes, bem cedinho, vão ver o amanhecer e os condores voando no tal Mirador de la Cruz (acho que era isso). Eu não fiz o trekking, pois estava me cagando devido à uma infecção intestinal, mas rola pegar guias lá mesmo. Bom, tudo isso pode ser feito com uma agência em vans confortáveis e o preço nem tanto, vcs que devem avaliar.
Na cidade mesmo tem o monastério de Santa Catalina, não achei nada de mais e um jantarzinho a preços módicos nas varandas dos prédios da praça de armas, ela fica bem bonita à noite. Eu dei sorte de pegar a semana santa lá, foi bem interessante. Outra dica, não só para Arequipa, é acompanhar o calendário de festividades e ver se vcs conseguem pegar umas festas, costumam ser muito divertidas e as cidades param só para aquilo, tipo um carnavalzão!

Nazca: eu dei uma volta rápida por lá, mas suficiente. Cheguei de manhãzinha, tomei o voo para ver as linhas, de ali, já com os esquemas fechados com um guia-taxista fui pro cemitério Chalchilla (ou algo parecido), vi os aquedutos dos nazcas (muito loco!) e fomos numas ruínas incas. À noite já vazei para Arequipa. Detalhe que foi o primeiro lugar que fui e esse esquema de guia +voo acabou sendo o mais caro de toda a primeira viagem. E informem-se antes, pois sempre rolam acidentes naqueles teco-tecos, às vezes fatais.

Enfim, se fosse vcs, com os 15 dias que têm, faria algo como 6 dias Cusco+Machu Picchu, 4/5 dias Copacabana+La Paz e o resto em Arequipa. Vão ter uns negos que dirão que dá pra chegar até a patagônia em 15 dias, até dá, mas não se conhece nada direito, não tem tempo para ficar doente e nem folga se um busão der pau.

Isso aí, espero ter ajudado, volto dia 31, mas volto para São José. Estarei aqui para conversar só no volta às aulas. Temos e-mail também, mas na chapada nem sempre a comunicação vai ser viável.

Abraços

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