segunda-feira, 9 de junho de 2008

E eles se foram...

No domingo, primeiro de junho o Gustavo se foi. Entendo a posição dele e acho que, apesar dele ser muito ansioso, penso que fez o certo. Veio aqui para estudar arte contemporânea e só encontrou século XVIII, já está formado e com algumas oportunidades de trampo e acadêmicas no Brasil e já aprendeu um espanhol e deu uma viajada, coisas que, entre outras, fizeram a viagem valer a pena. Ressalto que nenhuma dessas palavras saiu da boca dele, é apenas o que eu avaliei e também penso que há milhares de motivos para alguém voltar para o seu país.
Para mim o único bom disso é que eu roubei a sua cama, que é mais confortável e posso zonear mais o quarto, mas não por muito tempo (explicações mais à frente). Como eu disse para as meninas aqui: era quase um casamento sem sexo! Fazíamos comida juntos, viajávamos juntos, comprávamos coisas para o quarto juntos, enfrentávamos burocracia juntos e passávamos por problemas parecidos, o que nos rendia longas conversas. Exageros à parte, visto que quando aprendemos a nos virar por aqui já fazíamos tudo sozinhos, vai fazer falta alguém do mesmo país e do mesmo sexo para trocar uma idéia e compartir momentos.
Até agora só contei a história do Gustavo, mas o título está no plural. Na sexta-feira estava eu na tradicional cervejinha no bar em frente da San Marcos quando recebo uma triste notícia: o pai da Norma havia falecido pela tarde e ela iria voltar para o México naquela noite. Despedi-me das pessoas com quem estava e fui para casa. Como nessas horas não há nada o que dizer dei um longo e apertado abraço de consolação e ela chorando me disse: "mucho gusto en conocerte". Eu lhe perguntei se não voltava, ela disse que não e eu disse que ia para o aeroporto junto com todos me despedir dela. Foi bem triste para todos, principalmente para Mayra (a outra mexicana), dado que as duas eram bem grudadas.
Estava conversando com a Natalie e concordamos que um intercâmbio te deixa muito mais sensível emocionalmente, então este tipo de coisa parece que te afeta mais. Pensar que seu pai morreu do nada (infarto) com menos de 60 anos e segundo dizem era bem saudável me traz algumas preocupações. A primeira é quando ao meu pai que sempre anda trabalhando muito, faz pouco exercício e como todos na família é bem ansioso e não consegue esquecer suas preocupações. Depois é pensar que aquelas pessoas para quem você deixou de dizer algo, deixou de abraçar-la, de dar-lhe um presente ou seja lá o que for, pode ir-se a qualquer momento.

2 comentários:

Natalie disse...

Eu já tinha lido, mas não tinha comentado!
Me tirou lágrimas este texto! Maldita (ou bendita) sensibilidade que aperta o coração dos que viajam.

Jeff disse...

Mais do que dizer alguma coisa pras pessoas queridas, curta os momentos queridos que vc esta tendo ai agora... e depois, quando voltar, curta os momentos queridos aqui... Abraços, jeff