quarta-feira, 2 de abril de 2008

Estigmas brasileiro

-Alemàn?
-No, brasileño
-Ah sì, futbol, Pelè, Ronaldinho!

Nao adianta, aqui eu sou europeu e brasileiro è sinônimo de futebol. O primeiro fato me surpreende um pouco, o segundo nao.
Durante a viagem percebi duas visoes predominantes do Brasil, a dos gringos, a qual se divide entre os que foram e os que nao foram para o Brasil e a visao dos peruanos que em geral tambèm se divide em duas: a dos universitàrios e a dos nao universitàrios.
Os gringos que foram ao Brasil voltam falando maravilhas da feijoada, da caipirinha, da àgua de coco, das havaianas, das mulheres, do cristo redentor e nada muito mais do que isso. Os que nao foram querem saber que lugares visitar se entram pelas cataratas ou o se entram pela amazônia, mas a impressao geral è que vao a um paìs em plena guerra civil sangrenta e tem certeza que tem que ir ao rio de janeiro, poucas opinioes divergentes e pouca novidade para nós. Vamos aos peruanos.
Creio nao ter vivido o suficiente para falar do que os peruanos pensam do Brasil, mas em geral nao têm nenhuma grande opiniao, è como perguntar a um brasileiro o que pensa do Peru...mal sabe qual è a capital do paìs, quem o diga o presidente. A alienaçao é tao forte aqui quanto aì, no pròximo post acho que vai uma breve impressao da tv. Bom, mas temos alguns estigmas que sao basicamente culturais e acreditem, nao è o samba, nem a bossa, nem mesmo as novelas (muito populares aqui), mas o axé! Eu jamais esperaria que as pessoas daqui tinham sido criadas ouvindo o cumpadi Washington cantar e vendo a Carla Perez dançar! Como a indùstria fonogràfica é como qualquer outra e a alienaçao nao pára e muito menos a cultura machista, aqui o funk enterrou o axé.
Dentro do cìrculo universitário a situaçao é mais "cult" (com os mesmos "oclinhos" de borda grossa). As pessoas conhecem, além das novelas, do futebol e do axè, o samba e a bossa, dificilmente o choro. Mas pouco sabem sobre a situaçao política e social do Brasil, sobre isso alguns episódios:
Hoje um aluno de segundo ano de engenharía me perguntou porque eu vim para o Peru já que no Brasil se investe muito mais no ensino superior. Também existe a ilusao de que este investimento é extendido à educaçao como um todo. Realmente, conheço as instalaçoes de poucas universidades no Brasil, mas em todas essas as instalaçoes e os recursos me pareciam melhor que aqui, ou seja, "us cara" tao na merda.
Outra impressao "má o meno" comum é de que o Lula oferece "avanços" sociais ao Brasil, seja lá o que isso signifique. Foi aí que entendi (ou pensei que) a tal "polìtica externa mais progressista" do Lula em relaçao ao FHC. Por exemplo o posicionamento do Itamaraty em relaçao a invasao do territòrio Equatoriano pela Colômbia, que foi de condenar ao invés de ficar na moita e dizer que algo deve ser feito para combater o "narcotráfico". Na realidade nao tenho muitos dados para defender tal tese, mas me parece um mecanismo para criar a ilusao de melhor com Lula e que ele é um líder a seguir, afinal ter origem proletária nao quer dizer que nao pode fazer umas reforminhas aqui, uma privatizaçaozinha alí...
Enfim, é apenas um impressao. Nao tive oportunidade de conhecer um nao universitário que nao conhecesse o Brasil através do Real Madri ou do Inter de Milao. Mas uma coisa é certa: o tratamento muda quando ficam sabendo que é brasileiro, sao muito mais receptivos que com os gringos...e todos pensam que também somos.

Nenhum comentário: